quarta-feira, 14 de julho de 2010

Geralmente, sou acometido por "n" tipos de solidão. E acho que não sou propriamente o único a sentir essa diversidade. Procuramos diminuir esse sentimento das mais multifárias formas. Todos nós temos nosso jeito de lidar com isso. Impulso à socialização vs impulso à solidão. Qual deles ganha, em cada alma, é a questão que sempre carregamos conosco. Em alguns, o primeiro prevalece, em outros, o segundo...
Só estou escrevendo isso para te dizer que de todos os tipos de solidão que eu possa experimentar em minha vivência, este que estou vivendo agora é aquele do qual apenas você pode me acalentar, apenas tua alma é que pode amenizar isso. É duro ter que fugir como fugi, deixar todos para trás, cortar comunicação, não dizer para onde vou e o que estou fazendo. Isto dói, eu imagino. Mas em mim, além de doer, também me faz sentir o ser humano mais desprezível - sempre, sempre a educação cristão que me ataca nessas horas de culpa - por abandonar assim uma vida como a que tinha antes de por os pés para fora de sua casa numa segunda nublada e fria, descendo as ruas e encaminhando-me para a rodoviária. Mas eu perdi meu acalento, minha calmaria. Você me disse que se não fosse comigo, não seria com mais ninguém. Estou aprendendo que comigo também será assim... tenha uma boa e longa vida longe de mim, que nada mais fiz do que te magoar até hoje. Sei que desculpas não irão apagar tudo até agora feito. Mas elas constarão aqui, para você saber que sinto muito, muito mesmo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

A tiazinha da bliblioteca

Em primeiro lugar, por que tiazinha? Simplesmente porque não gostei da indivídua.
E tenho alguns bons motivos para não ter gostado. Explico: comentando sobre a mendicância que existia no lugar, ela se indignou pela presença de alguns mendigos nas proximidades, dizendo que aquela situação era insuportável.
Eu ainda fui sarcástico e irônico, dizendo: "Pois é, é horrível quando não se tem um lugar para morar".
Aí ela não entendeu e eu percebi que a ignorância rondava aquele lugar. E eu me calei e comecei a apenas consentir com a cabeça... ¬¬
Então ela me disse que fizera militância com Brizola (chute no meu saco) e que era contra a ditadura mas que ela tinha feito uma coisa boa para o Brasil: fizera o favor de esterilizar as mulheres pobres para que elas não tivessem filhos.
Ótimo, sempre escutei mesmo o discurso de pessoas mais velhas: "nos tempos da ditadura...".
Mas putz... esterilizar? E ainda por cima, não contente em me deixar agonizando com o chute no saco por esta pérola, ainda por cima, disse que era a favor da liberdade individual de cada um.
Ui!! Com isso ela também levantou as duas pernas e deu uma voadora na minha cara.
Tiazinha: vtnc!!!

domingo, 30 de maio de 2010

Ahááá... Mais um pra vcs engolirem.

Tá, esse aqui é existencial (novela mexicana), mas é apenas um protótipo de um protótipo. Não corrigi nem nada ainda... mas gríticas e çugestõeins serão beinvinmdas!
http://www.4shared.com/document/AwwIHW3d/Sem_ttulo_ainda.html
Mais uma vez, péssima leitura a todos!

Meu livro... baixa lá! ^~

Tá, chega de ficar chorando e falando de coisas existenciais. Coloquei o primeiro capítulo de meu livro no 4shared pra baixar... quem sentir curiosidade pra saber como é, o link é esse aqui: http://www.4shared.com/account/document/nHiHFIxJ/A_Saga_dos_Primordialis_O_Home.html
Obisservaçãum: É literatura fantástica, nada existencial. Péssima leitura para vocês... ;D

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Adendo

* Que sejam palavras de esperança, de força e de vontade. São elas que fazem a vida valer a pena.
* As palavras nada mais são do que minha relação com as pessoas, com os sentimentos que compartilho com elas.
* Numa última instância, tratam apenas de um veículo, um meio, e essencialmente uma metáfora, pois expressam uma relação, e não a coisa mesma. A coisa em si é a vida, e tudo aquilo que faz parte dela.

INSTAURATIO MAGNA

Algumas palavras ficam cravadas. Não há como separá-las de sua carne. Às vezes você se arrepende por tê-las dito, as vezes se orgulha do brilho que elas têm.
Eu sempre acreditei que tudo na vida é eterno. Eterno porque tudo tem uma história, mesmo que não escrita, nem mesmo oral. Mas uma história de existência, de geração e de corrupção, um "alfa", um "miu" e um "ômega". Por mais breve que algo seja, sem sentido, sem função, sem motivo de existência... ao menos um dia existiu, e sua história segue como um eco pelos cantos do universo.
Não sei bem porque penso assim, talvez porque me conforta, para quando eu me for e meus restos há muito se dissiparem na terra. Porque não acredito em nada metafísico. Acho que por isso sou amargo. Mas não acreditaria apenas para ser feliz. Somente se a razão e a sensibilidade me alertarem para essa possibilidade.
Mas eu falava das palavras, daquelas que de tão intensas, têm sua existência fundida com a nossa. Palavras ditas num momento de tristeza, num juramento de amor, numa hora de ódio e fúria. Palavras de esperança, de conforto, de amaldiçoamento, de perdão, de aconselhamento. Não importa. Nossa vida, nesses últimos milênios, não pode ser desvincilhada dessa coisa chamada linguagem. Somos tão propensos a ela ultimamente. sofremos com ela. É um fardo, na verdade. Com ela fazemos promessas que não cumprimos, cuspimos na cara dos outros, sem o escarro verdadeiro. Torturamos almas mais dolorosamente do que qualquer instrumento torturaria um corpo.
Eu sofro com as palavras, porque minha relação com elas é trágica. Nunca soube tratá-las devidamente. Sempre as usei a meu favor, de modo deliberado, muitas vezes sem convicção. Usei-as como quimeras, como antídoto para momentos de desespero. E depois as abandonei. E mesmo aquela nas quais acredito de verdade, minha atitude diante delas é de fuga, medo.
Estive voltando ao meu passado, ao menos nas palavras que ele me envia as vezes e pensei: de que vale a linguagem, se ela não passa disso para mim? Seria melhor que ficasse calado então. Mas e nossa "natureza" socializante? E nossa propensão ao outro? A amizade, o amor? Como ficam se eu realmente me vejo como um eremita? A verdade é que sinto tanta falta disso, e por tanto tempo. Mas uma barreira insiste em se fazer materializada entre mim e o mundo. E com isso, minha vontade é paralisada. Perco os sentidos, perco a força, quero o abismo. Caminho para ele. As vezes eu pulo, outras tenho medo e me afasto. Seja como for, o abismo me consome, a escuridão é total lá dentro, assim como a solidão. As coisas me abandonam, eu as abandono também. Mas as palavras ficam. As promessas, as frases de alegria, a cacofonia do choro.
Não posso amaldiçoar as palavras em minha vida. Elas são tudo o que ainda me ligam a este mundo. São tudo pelo qual ainda tenho coragem de arriscar minha vida. Mas as palavras foram ditas para mim, para outros. Isto me faz de certa forma conectado. As palavras são vetoriais, indicam alguém, alguma coisa. Que posso eu fazer se elas são assim? E se elas não me abandonam, oh dádiva maldita de viver sobre duas patas, as coisas do mundo também não. Mas por quê? Por que tem que ser assim? Mesmo quando estou em queda livre, com a cabeça inclinada para o impacto, elas insistem em me salvar? Pegar em minha mão e me puxar do abismo? Por que as palavras são tão maldosas a ponto de interferir em minha decisão de desistir? De terminar a caminhada antes do fim? Sinceramente eu não sei. Mas elas voltam para mim, sempre voltaram. Elas me avisam das coisas que me são caras, importantes. Elas me fazem ver as perspectivas que eu deletei de minha mente. Elas me levam até meus valores perdidos, esquecidos em algum canto de minha memória catatônica. Eu queria que elas me trouxessem minha vontade novamente. Minha vontade de ser algo além dessa carcaça. Há muito não sei o que é isso.
Nas palavras, a minha salvação.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Uma noite silente denuncia mais do que eu preciso saber. O medo de olhar as verdades que deixo para trás me paralisa. Não sei bem ao certo como proceder. Sinto-me sozinho, incapaz, e olhando um pouco para a frente, derrotado também. Baixo os olhos. É assim que tem sido nos últimos dias. Olhos mirando o chão. Nada de orgulho, nada de coragem, nada de novo. Somente o mesmo. Apenas uma vontade não volta mais: a de perecer, de dar cabo a minha existência.
Miro minha meta... ela está tão longe quanto possa estar as estrelas de nós, humanos.
Eu amo vocês, minhas três coisas queridas e amadas da minha vida. E fico pensando numa quarta coisa, e no quanto me separei dela. Quero voltar, mas ainda não é a hora.
Por isso choro. E minha garganta dói de conter os gritos de solidão e desespero.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Meu Deus! O tempo passa tão corrido que não percebo as transformações que acontecem ao meu redor, na cidade, nas pessoas, em mim mesmo... Agora paro para pensar, depois de dois anos tentando montar um quebra-cabeças meio estranho de algo que aconteceu comigo num passado não muito distante, em como andam as coisas comigo depois do referido acontecido (qual acontecido? diga!! enfim, como ia dizendo...) e percebo uma coisa bem curiosa que aos poucos vai se estabelecendo entre mim e o mundo de fora: constato a existência de laços, raízes!!! Mas que tem isso de importante? Não é o que estamos atrapalhadamente a tentar todos os dias de nossas vidas? A criar laços? Desatá-los? Por vezes procurá-los? Sim, certamente que sim. Mas meu caso é curioso, porque desde que fui para Marília, não vejo isto acontecendo comigo de forma mais concreta.
Como percebo laços em minha vida? Simples: quando memorizo números! E devo dizer que isto já é uma tarefa árdua para mim, que tenho uma péssima memória. Percebo a cada dia que passa que aos poucos vou me acostumando com os números que me cercam: telefones, endereços, direções, pagamentos... uma rotina vai se criando em torno de mim novamente, e parece que desta vez eu estou me abrindo para ela. Sem cair nas reflexões dos reveses de se viver numa rotina, creio que isto é um acontecimento que merece minha atenção. Geralmente temos mais capacidade de memorizar coisas quando temos uma afinidade com aquilo que é nosso objeto de memorização. Do contrário, a tarefa é das mais árduas. Mas hoje parece não ser tanto! Por isso meu espanto! Se me abro, o que isto significa? Se consinto que possa haver uma relação mais intensa entre o "eu" e o "outro", o "fora", isto não é de modo algum sem importância. Tenho que me perguntar: por quê? Por que neste momento da vida? Isto reflete uma transição? Mas esses dois anos para mim não foram já uma transição? Talvez a solidificação daquilo que nesse ínterim foi alvo de minhas reflexões. Talvez as lágrimas e as dores, e a depressão, não tenham afinal de contas sido em vão! Melhor para mim, que assim paro de lamentar a passividade de uma vida inteira, e começo a dar passos mais seguros rumo ao desconhecido futuro! Enfim, quero ver quão fortes serão estes laços, estas raízes... Quero ver a intensidade dessa vontade de me abrir novamente para o mundo... mas sou objeto de mim mesmo, e não estou devidamente afastado de mim para uma análise mais fria. Por enquanto, vivo... análises nesse patamare são sempre rodeadas de intensos sentimentos. Deixo que eles se apoderem de mim... depois eu volto a ser quem sou - ou não!!! Quem vai saber, não é verdade?
Mas este "post" está um tanto pessoal para que continue... é preciso parar por aqui...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Observação sobre o dia ordinário!

Sabe aquela sensação de que o dia é tão ordinário, tão ordinário, que de simplório, ele fica iluminado, especial? Pois é. Hoje parece um dia desses! Caminhando pelo centro de Araraquara, entre tantas pessoas que passavam ao meu lado, quase não resisti à tentação de fazer o mesmo que acontece no clipe do The Verve, daquela música Bittersweet Symphony. Era um dia cinzento, quase chuvoso, que insistia em sobreviver ao marasmo que foi essa sexta feira. Feitas as obrigações, pude andar com mais calma, e observar a estrutura da 9 de Julho, que é uma das ruas principais que deságuam na parte comercial do centro da cidade. Mais uma vez, nada de especial, tudo comumente comum!!
Pessoas trabalhando, andando distraídas na rua, entregando folhetos de igreja, vendendo frutas, tristes, encolerizadas, felizes, umas quase oferecendo um tímido: "boa tarde, tudo bem com você?", outras bufando um: "sai da minha frente, senão...". E eu com a dita música na cabeça, querendo protelar a volta para casa, querendo um pouco mais absorver na minha essência o significado desse dia comum que tanto meu fazia bem! Claro, muitas coisas interiores e exteriores contribuem para a minha visão tão colorida de um dia tão cinzento. Mas a mágica desse dia ainda não descobri! Não pude entender como algo tão corriqueiro se torna objeto de apreciação por parte de alguém. Que se danem todas as complicadas fórmulas da auto-ajuda! Não há como medir a felicidade ou a tristeza de alguém, nem uma metodologia científica que direcione os sentimentos das pessoas! Talvez se as pessoas olhassem com mais interesse o ordinário, seriam mais felizes... mas isso é apenas uma cogitação, e não uma prescrição. Vale pra mim, talvez não valha para mais ninguém! E me interiorizando, sinto que isso acaba sendo um imperativo na minha vida, não há como eu sair dessa imposição de mergulhar no ordinário. Para mim, é nele que estão todas as coisas que valem a pena serem vividas, é nele que está tudo o que há de ser especial na minha vida. Por isso não busco complicações, apesar de ser uma pessoa meio complicada as vezes... ^^ ... Mas Bittersweet Symphony continuava a ecoar pela minha cabeça, já se passavam das seis e meia, era hora de ir. E no ônibus de volta fiquei a pensar na garota que lia um gibi da Mônica sentada na área de alimentação do Extra que observara há pouco. Ela faltava sair pulando de contentamento com sua leitura, e apesar de tudo, o mundo à sua volta parecia não existir. Mergulhara no míster de ler tão profundamente que mal importava a ela o meu olhar indiscreto de observador. E eu quase ri com ela, não fosse a curiosidade que me força a olhar em todas as direções, para todas as feições e comportamentos. Se há alguma coisa que sou bom, e que minha criação cristã não me impede de ter orgulho, é de ser um bom observador! Claro que na maioria das vezes, guardo minhas observações comigo mesmo, converso apenas com meu interior quanto a elas. Talvez por um pudor que me é próprio, não sei bem. Naquela hora, no Extra, eu perdi a noção do termo "complicações". O fato é que fiquei pensando no devir, mais precisamente em como nos tornamos rabugentos no decorrer dos tempos, e perdemos a inocência da infância. Tratado besta este, de dizer da importância da inocência das crianças, coisa que já foi escrita por milhares de pessoas, com milhares de propósitos diferentes. Só queria deixar como adendo o que me ocorreu naquela hora: a expressão da menina, lendo seu gibi, num lugar público, era de total liberdade! Liberdade que a menina tinha de realizar o seu ser do modo como ela efetivamente queria! E não como a "postura adequada" dita para cada ocasião! E não apenas isso: percebia a cada página que ela acabava, que os homens têm o péssimo hábito de julgar os outros por aquilo que deixam de lado enquanto crescem, por aquilo que perdem enquanto "amadurecem". É como se houvesse uma necessidade de negar o que se foi, para afirmar o que se é. É como se uma onda de ceticismo fosse tomando conta de cada ser, quase um ressentimento, nascido das decepções que acumulamos em torno de nós. Mas o que deveria deixarnos mais esperançosos, deixa-nos mais desanimados. E a culpa cai muitas vezes na inocência com que vemos o mundo quando somos mais jovens, e que não tem uma relação necessária com esse fato. Certa vez, numa cidade um pouco distante desta aqui, visitei uma pessoa. Um dia fomos ao supermercado comprar algumas coisas que ela precisava na casa dela. Lembro-me bem de termos comprado um iogurte cada um pois estávamos com fome. Ao deixarmos o supermercado, sentamos no meio fio, e ali mesmo matamos nossa fome. O ato em si não quer dizer muita coisa. Mas a simplicidade do ato, foi o que contou para mim, e o que me marca até hoje na memória. Acho que foi uma das coisas mais simples que fiz, que tiveram significados extremos para mim. A cena de nós dois sentados no passeio, enquanto carros cruzavam a rua, e pessoas circulavam atrás de nós não me sai da cabeça, e talvez seja importante para mim que não saia mesmo. Foi um dia comum, que se tornou especial. Sentados ali, viramos cúmplices um do outro, por este gesto singelo de pararmos nossas rotinas para aproveitarmos aquele momento. Parecíamos duas crianças brincando com seus brinquedos novos sem dar importância para o mundo. E gostaria que a vida das pessoas fosse feita mais desses momentos, como daquele dia, como hoje...
Mas The Verve persiste... sentado aqui, agora, ouço a música repetidamente... e penso na metáfora que o clipe pode ter para mim, no tocante à vida: no clipe, o vocalista anda por uma rua e, a despeito das pessoas que vêm ao seu encontro, ele caminha sempre olhando pra frente, trombando com quem esteja no seu caminho. Acho interessante o clipe, porque ele me remete diretamente aquela metáfoa que falei: particularmente, acredito que deva ser assim o modo mais adequado de se enfrentar os problemas que a vida nos coloca. Caminhando sempre em frente, sem medo de esbarrar nos obstáculos que vemos pela frente, enfrentando-os de cara, e sem medo. E sempre com uma canção nos lábios, pois a vida deve ser sublime, mesmo que seja dura a nossa existência. Nosso destino é uma fatalidade, seja ele qual for. Cabe a nós, decidirmos como queremos enfrentá-lo. Prefiro viver como uma criança, sem medo dos erros que possa cometer, do que como um adulto cético que perdeu a vontade de experimentar a vida... não sei quanto as outras pessoas...

sábado, 24 de janeiro de 2009

É angustiante quando não se tem o que escrever. Principalmente quando a mão ordena veementemente que o ofício seja realizado. Boa coisa não sai quando é assim. E acredito que hoje não seja diferente. Poderia escrever sobre uma imensidão de coisas, mas não quero. Na verdade, minha vontade não quer. Mas uma vontade “quer”? Não é estranho que ela “queira”? Ou melhor, não seria já uma repetição dizer que uma vontade “quer” algo? Mas se ela “quer”, deve ser alguma coisa. A vontade “quer alguma coisa”? Isso não sei responder com certeza. Só sei que uma frustração, uma tristeza, é fruto de uma vontade não efetivada, mesmo que oculta. Daí, as grandes crises existenciais que todos têm. Daí, todas as ciências e filosofias que erigiram até agora o rumo das coisas. Daí, os feitos memoráveis de homens que mudaram o destino e o modo de ver o mundo. Tudo na vida, na vida verdadeira, não nesse enfadonho teatro que é nossa atualidade, deve ser resultado dessa disputa colossal entre um não recebido, e um sim desejado. É, portanto, sobre esse jogo de sim e não que gira todo o curso da realidade das coisas. Pelo menos humanas. Ainda não tenho uma perspectiva que me solucione a questão em termos totais, ontológicos. E mesmo essa não é a indagação aqui. Não penso na vontade como Vontade, ou seja, como substrato de todas as coisas, como “arché”. Penso a vontade nesse entremeio – sim/não. Uma vontade dura, é aquela que recebe mais nãos do que sins. Que enfrenta tantas adversidades, que se perde de vista a conta delas. Mas uma vontade fraca pode também passar por muitas adversidades. Mas a diferença, reside no fato de que, aqui, a vontade se fragmenta, se divide, se perde num mar de dores fictícias que ela cria para si mesma como sobrevivência: “se ainda dói, é porque ainda vive”. Mas, apesar de se ver viva na dor, a vontade fraca quer viver sem dor. Por isso a esquiva das adversidades, por isso o medo em enfrentar o destino, por isso a cautela em medir as palavras, os atos. Não se vive: sobvive. Enquanto a vontade forte parece confundir-se com as negações que ela encontra, a vontade fraca foge de tudo o que não lhe afaga, de tudo o que não lhe serve de consolo, ou mesmo que serve de bálsamo e de analgésico. E as vezes as vontades fortes se tornam fracas pelo simples motivo de receber muitos sins. Isso é o que há de pior para o caráter de uma vontade, no tocante às suas forças. O sim é a realização plena de um desejo, de um objetivo, de um fim. Mas quando existem diversos sins que nada significam para a vontade, ela pode se perder na imensidão de vetores favoráveis. O favorecimento nunca foi o melhor adubo para o crescimento de alguma coisa que valha realmente a pena. Nele, a vontade relaxa, se esquece de si mesma enquanto vontade, perde sua identidade. Devemos agradecer as adversidades pelas dores e cicatrizes que elas causam, essas coisas valem muito mais do que se imagina atualmente. O "sim" nunca pode ser algo efetivado, realizado, mas sim almejado, objetivado. Quando se efetiva, ele vira um nada, não um sim, nem um não... um nada, sem sentido algum.
Quer tornar sua vontade forte? Lança-te aos nãos que a vida proporciona. Enfrenta-os como um gladiador luta pela vida num arena romana. É necessário cortar-se, para ver de que é feito o sangue... E é preciso aprender a negar, para saber o que afirmar...